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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Fantástico tem acesso exclusivo a vídeo que mostra execução de PM em SP


Fantástico tem acesso exclusivo a vídeo que mostra execução de PM em SP

PM Ismael estava num caixa do mercado da família por volta das 21h30 de quarta-feira, 5 de setembro quando foi assassinado por dois criminosos.
 VEJA O VÍDEO:http://tinyurl.com/bo54fc6




Madrugadas violentas, mortes sem solução, população assustada. Afinal, o que está acontecendo em São Paulo? 


O Fantástico recebeu, por volta das 23h de sábado (3), a informação que uma policial militar foi baleada na Zona Norte de São Paulo. Quando a equipe chegou ao bairro da Brasilândia, as marcas do crime ainda estavam na rua. 

Foram muitos tiros. Várias cápsulas ficaram espalhadas por todo o asfalto. Grande parte em frente à casa da policial militar. Essa é a primeira vez que uma policial militar é assassinada depois que começou a onda de violência. 

A policial Marta Umbelina da Silva tinha 44 anos e estava na polícia a 11. Atualmente não trabalhava nas ruas, era funcionária administrativa e foi executada pelas costas quando chegava em casa com a filha, de 11 anos. 

“Ela foi ajudar a menina a abrir o portão. Quando ela voltou, o portão aberto já, os rapazes atiraram”, disse uma testemunha que preferiu não se identificar. 

O crime foi cinco horas e meia depois de outra morte violenta. Eram 16h quando a Rota, tropa de elite de São Paulo, perseguiu o carro de um suspeito de ser gerente do tráfico de uma favela em São Paulo. 

“O indivíduo saiu do veículo realizando disparos de arma de fogo, a equipe revidou a esses disparos”, conta o policial militar, tenente Philipe Regonato. 

A onda de violência em São Paulo não pára. Só nesta semana, foram mais de 70 assassinatos com características de execução. 

A cidade tem vivido noites de ataques e dias de contra-ataques. 

“Todo dia tá morrendo dois, três aqui. Hoje é meu irmão. Eu jamais achei que isso ia acontecer comigo, você tá me entendendo?”, diz uma mulher emocionada. 

Na maioria dos casos, são execuções a tiros, rápidas. Os atiradores surgem em carros ou motos. 
Exatamente como aconteceu com o policial Ismael Alves dos Santos, de 38 anos, em Guarulhos, São Paulo. Câmeras de segurança registraram a ação e o Fantástico teve acesso exclusivo ao vídeo. 

O PM Ismael estava num caixa por volta das 21h30 de quarta-feira, 5 de setembro. Ele estava de folga, no mercado da família, quando uma moto se aproximou do local. Segundo a polícia, na garupa estava Cristiano da Silva Souza. Ele desceu armado. Ismael se assustou, mas não teve tempo de reagir. 

O policial foi pego de surpresa pelo criminoso. O bandido fez vários disparos em apenas um segundo. Quando terminou, chegou o comparsa - identificado nas investigações como Alecsandro Barros, o traficante Ratinho. 

Ele também disparou, mesmo com a vítima no chão. 

Fantástico: Por que eles mataram esse policial militar? 

“Foi uma represália contra uma prisão ocorrida dias antes, de traficantes, e há também a versão de que os traficantes estavam insatisfeitos com o PM porque havia câmeras na parte externa do supermercado que estava captando as imagens do tráfico sendo realizado pela organização criminosa”, aponta o promotor de justiça Marcelo Alexandre de Oliveira. 

Só neste ano, 90 policiais foram assassinados no estado de São Paulo. 

Em agosto, a polícia registrou bandidos ordenando a execução de PMS. 

“A partir desta data, 08/08/2012, foi determinado como missão cobrar a morte do irmão à altura, executando dois policiais da mesma corporação que cometeu o ato da covardia”. 

"Ato de covardia", para eles, é a execução de um dos membros da quadrilha por policiais. 

Numa operação foram encontrados relatórios feitos pelo grupo, segundo a polícia. Um deles lista os integrantes que morreram. Outro registra as armas. O controle financeiro é ainda mais detalhado. Gravações inéditas revelam que os bandidos pagam uma mensalidade para fortalecer o caixa do grupo. 

“A partir desta data, 10/09/12, a contribuição mensal passa a ter o aumento de R$ 600 para R$ 850”, diz um homem. 

Quem fica devendo geralmente é escolhido para cometer os crimes. 

“Eles são obrigados praticamente a matar esses policiais militares sob pena de morrerem”, conta o promotor Marcelo. 

O resultado: nos últimos meses, a violência explodiu. Só em setembro, foram registrados 135 homicídios na cidade de São Paulo. Quase o dobro do mesmo mês em 2011. 

“Quando eles começaram a matar policiais militares, grupos de extermínio que possivelmente envolvem policiais militares passaram a matar na quebrada, na calada da noite. É o que nos estamos vendo”, diz o analista criminal Guaracy Mingardi. 

A Polícia Civil, o Ministério Público e a Corregedoria da Polícia Militar investigam a atuação de grupos de extermínio e a participação de PMs nos assassinatos. 

Um dos casos envolve justamente a morte do PM no mercado de Guarulhos, que mostramos no começo da reportagem. Três semanas depois deste crime, Ratinho, o segundo a atirar, foi executado com mais de trinta tiros. Os assassinos estavam em motos e carros sem placa. 

O Fantástico procurou a PM de São Paulo para comentar os ataques. O comandante, Coronel Ferreira França, marcou uma entrevista, mas cancelou o encontro horas depois. 

O secretário de Segurança não quis falar ao Fantástico. Na quarta-feira, Antônio Ferreira Pinto deu uma entrevista ao repórter Fábio Turci. 

“Nós estamos fazendo operações, nós estamos chegando a autoria de todos esses atentados contra policiais militares”, disse o secretário. 

Fantástico: Dá pra dizer que está sob controle uma situação em que chegam a morrer mais de 10 pessoas por noite? 

Secretário: Num universo de 22 milhões na Grande São Paulo, se dez pessoas morrem à noite nos preocupa, mas não significa fora de controle. 

A secretaria enviou uma nota dizendo que a polícia vem fazendo seu trabalho para proteger a população e que não há outra motivação para os ataques que não a barbárie do crime organizado. 

Nesta semana, a polícia reagiu com uma série de operações. 

O Fantástico mostrou que a polícia cerca favelas pra tentar prender os assassinos. Em uma das maiores da Zona Sul de São Paulo, em Paraisópolis, segundo a secretaria de Segurança Pública, o chefe do tráfico de drogas ordenou a morte de PMS. 

O Show da Vida acompanhou as madrugadas violentas na cidade durante a semana. Num local, dois homens numa moto atiraram varias vezes contra um bar. Três pessoas foram baleadas. Uma morreu na hora. 

Nas noites em que o Fantástico esteve nas ruas, 21 pessoas foram assassinadas. Entre elas, dois PMs. 

O Governo Federal ofereceu ajuda a São Paulo. Entre os itens negociados está a transferência de presos para um presídio federal de segurança máxima. 

As investigações mostram que bandidos continuam dando ordens de dentro dos presídios paulistas. Tudo por celular. Os bandidos falam até em trocar os aparelhos pra evitar que a polícia monitore as conversas. 

“Os caras estão com os aparelhos muito sofisticados, os caras pegam mesmo se não trocar, se não tomar esses cuidado”, disse um bandido. 

A negociação entre Governo estadual e federal deve continuar nos próximos dias. 

“A Secretaria de Segurança Pública e a Secretaria de Administração Penitenciária é que vão avaliar caso a caso, verificar com a Justiça, e aí se acerta a localização, pra onde vai”, disse o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. 

“O sujeito foi identificado como líder ele tem que ser transferido. Não pode ter outra medida”, afirma o analista Guaracy. 

“Eles são muito covardes, a verdade é essa. E mostra infelizmente a vulnerabilidade dos agentes de segurança atualmente. Numa ação de segundos eles eliminaram uma vida como se tivessem matando um mosquito”, opina o promotor Marcelo. 

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