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sábado, 17 de novembro de 2012

Parentes de presos de penitenciária de Araraquara, SP, são ameaçados


Parentes de presos de penitenciária de Araraquara, SP, são ameaçados

Mulheres dizem que dupla em carro prata passou no local e apontou arma.
Ligações em orelhão pediam para que bar fosse fechado na noite de sexta.

Do G1 São Carlos e Araraquara
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Um suposto toque de recolher assustou familiares de presos da penitenciária de Araraquara (SP) na noite desta sexta-feira (16). Eles aguardavam para a visita deste sábado (17) e dizem que foram ameaçados por um homem armado em um carro e receberam ligações para que um bar próximo ao local fosse fechado. Mulheres de presos dizem que veículo foi o mesmo usado por suspeitos na morte de cinco pessoas em dois bairros da cidade na quarta-feira (14).

As ruas do local ficaram vazias e o bar em frente à penitenciária fechou mais cedo. No abrigo municipal onde as famílias dos detentos passam a noite, antes das visitas no presídio, não tinha ninguém e estava trancado. Em outros fins de semana, o espaço fica lotado de mulheres e crianças. As senhas para entrar na penitenciária, que são distribuídas de madrugada, foram entregues mais cedo.
Ligações
Com medo, as famílias dos detentos preferiram não se identificar. Durante a tarde, duas mulheres disseram que foram ameaçadas. Primeiro receberam uma ligação em um orelhão que fica em frente ao bar. “A gente estava sentada no bar, o telefone tocou e uma das moças que trabalha no bar atendeu e desligou. Tocou de novo, eu atendi e o homem falou que um dos caras que morreu na noite retrasada é parente de um dos caras que está preso no CDP e eles querem vingança, pelo cara ter morrido. Eles vão fazer rebelião e vocês que estão aí fora vão ser atingidos, eles vão passar dando tiros em todo mundo”, disse.
Maioris dos parentes de presos penitenciária de Araraquara foi embora após ameaça (Foto: Reginaldo dos Santos / EPTV)Maioria dos parentes de presos foi embora após
ameaça (Foto: Reginaldo dos Santos / EPTV)
Elas contaram ainda que dois homens em um Meriva prata, que seria o mesmo usado na execução de cinco pessoas na quarta-feira, ameaçaram as famílias que estavam na calçada com uma arma. “Tinha umas 20 pessoas, todo mundo entrou correndo, gritando. Isso está sendo oportunismo ou é uma guerra declarada. Foi uma reação de pânico. Eu vi muitas crianças passando mal, tem muitos inocentes pagando o preço por essa guerra. Eles passaram quatro vezes e na quinta apontou a arma”, afirmou a outra mulher.
Enquanto a reportagem do Jornal da EPTV falava com as famílias, o orelhão tocou novamente. O repórter Paulo Augusto atendeu e foi questionado se o bar já esta fechado. O homem ainda disse para manter o bar fechado porque a noite seria perigosa e que não era para ficar ninguém no local.
Ao questionar sobre o motivo das ameaças às mulheres, o homem desligou. A maioria das famílias dos detentos foi embora e não ficou para a visita. Outras que vieram de fora ficaram abrigadas na casa de amigos.
A Polícia Militar foi até o local durante a noite, mas nenhum incidente foi registrado essa madrugada na cidade.
Crimes
A preocupação de moradores aumentou na cidade após a morte de cinco pessoas na noite de quarta-feira (14), nos bairros Santana e Jardim Paraíso.
A primeira execução foi registrada na Avenida Prudente de Morais, no Bairro Santana, por volta das 22h. Três homens morreram. Um deles, de 33 anos, foi encontrado caído ao lado da calçada com 14 tiros na região do peito e braço, segundo a perícia. Ele tinha passagem por tráfico de drogas.
Bem próximo a ele, mais duas vítimas: um açougueiro de 23 anos, que conduzia uma moto e outro homem, de 33, que morreu na garupa do veículo com um tiro no braço e um na cabeça.
Meia hora depois, no Jardim Paraíso, onde há um conjunto habitacional, mais duas vítimas. Uma auxiliar de serviços gerais de 46 anos estava em uma barraca de pastel quando, segundo a polícia, um suspeito encapuzado apareceu e disparou a arma. Ela morreu com um tiro no peito na frente do filho de 17 anos, que agora quer voltar para Santo André e tentar recomeçar a vida.
No mesmo local, outro cliente, um pedreiro de 34 anos foi executado com três tiros na cabeça. Segundo testemunhas, os homens chegaram a pé e atiraram. Ninguém foi preso.
Casal foi morto a tiros em carrinho de lanche no Jardim Paraíso, em Araraquara (Foto: Felipe Turioni/G1)Homem e mulher foram mortos a tiros em
carrinho de lanche (Foto: Felipe Turioni/G1)
Relação
Quatro das cinco vítimas envolvidas nasduas execuções tinham algum envolvimento com o crime organizado ou com o tráfico de drogas, segundo investigações da Polícia Civil da cidade.
O titular da Delegacia de Investigações Gerais (DIG), Elton Hugo Negrini, afirmou nesta sexta-feira (16) que os três homens mortos no bairro Santana tinham envolvimento com drogas e pelo menos um dos quatro filhos da mulher de 46 anos morta no Jardim Paraíso tinha passagem criminal por tráfico.

O pedreiro de 34 anos que estava no mesmo local e foi atingido com três tiros na cabeça não tinha passagem criminal. Até esta sexta-feira, a polícia não identificou qualquer relação dele com criminosos.

Com as investigações, ainda não é possível saber se haveria alguma relação entre os mortos, mas a polícia trabalha com a hipótese de uma mesma autoria nas duas execuções. Além de uma mesma munição ter sido usada nas mortes e o intervalo de tempo entre as execuções ser pequeno, testemunhas afirmam ter visto um carro com as mesmas características nas duas cenas dos crimes. “Um mesmo carro prata, com indivíduos encapuzados foi visto nos dois locais”, comentou o delegado.

Suposto toque de recolher
Segundo Negrini, esses indícios apontam que as duas execuções foram pontuais e, por isso, não há motivo para alarde. Desde a noite de quarta-feira, após o registro das execuções, informações de um suposto toque de recolher na cidade foram compartilhadas em redes sociais. “Não existe qualquer toque de recolher imposto na cidade, não há porque se preocupar”, afirmou.
Além disso, a Polícia Militar reforçou a segurança nas ruas de Araraquara desde quarta-feira. Durante a noite foram feitas várias operações e nesta sexta-feira (16), o trabalho intensivo continua nas ruas da cidade. Os policiais revistaram carros e conferiram documentos de suspeitos.
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